Câmeras corporais instaladas pela PMERJ ajudam a sociedade separar o joio do trigo na corporação
Na edição deste último domingo, O programa Fantástico, exibido pela Rede Globo de Televisão revelou, com exclusividade, imagens das câmeras corporais da Polícia Militar do Rio de Janeiro. As imagens foram obtidas pela reportagem por meio da Lei de Acesso à Informação.
Os flagrantes mostram registros de abusos cometidos por policiais e versões combinadas, mas também revelam o drama de agentes assassinados e que recusam propinas.
Uma das gravações mostra um policial militar atirando nas costas de um suspeito rendido. A abordagem aconteceu na zona norte do Rio, durante a perseguição a supostos assaltantes que estariam agindo de carro. Após o comando dos policiais, o motorista sai do veículo com as mãos para o alto. No chão, ele tenta se explicar. O suspeito se levanta e leva um tiro nas costas. Na porta da delegacia, os policiais militares combinaram a versão que vai ser apresentada nos depoimentos. “O senhor não mirou nele, o senhor mirou no veículo”, diz um dos agentes. Após analisar os detalhes da ocorrência, a Defensoria Pública pediu, e a Justiça determinou que o Ministério Público e a Corregedoria da corporação investigassem a conduta dos PMs. Em depoimento, o réu confessou que roubou a bolsa de uma mulher naquela madrugada. Ele foi condenado a seis anos de prisão. A Polícia Militar informou que o sargento Daniel de Souza Braga foi “preventivamente afastado do serviço nas ruas” e que a Justiça e a Corregedoria da PM estão apurando o caso.
As câmeras também revelam os ricos da profissão. Uma delas estava presa à farda do sargento Gabriel Leite Fernandes e gravou a morte dele.
Na ocasião, integrantes do Grupamento de Ações Táticas da Polícia Militar foram tentar prender traficantes em Itaboraí. Gabriel acabou baleado pelos traficantes. O sargento foi socorrido pelos colegas, mas não resistiu.
O homem acusado de matar o PM foi preso e virou réu pelo homicídio. Ainda não foi a julgamento. Gabriel, tinha 33 anos, deixou a esposa e uma filha.
Segundo a Secretaria de Estado de Polícia Militar, em 2024, 33 policiais foram mortos, sendo 10 em serviço, 21 de folga e dois aposentados.
PM recusa propina em Copacabana
Em um flagrante registrado em Copacabana, um policial recusa propina oferecida por um homem preso por furto. “Sou polícia, irmão. Não sou vagabundo, não. Não aceito arrego de ninguém, não”, afirma o agente de conduta exemplar..
Por decisão do Supremo Tribunal Federal, em 2022, a Polícia Militar do Rio tem que gravar todas as ações da tropa. Nenhum PM nas ruas consegue desligar o aparelho ou apagar os arquivos. Em casos com prisões, apreensões de armas e drogas ou mortes, uma lei estadual determina que o vídeo fique salvo por um ano. Nos demais casos, o prazo mínimo de armazenamento é de 90 dias.
Entre 2023 e 2024, a Corregedoria da PM abriu mais de 2,6 mil processos pra investigar irregularidades no uso das câmeras corporais. 170 policiais já foram punidos com detenção ou prisão administrativa. A decisão de adotar câmeras corporais é de competência estadual. Atualmente, 11 estados brasileiros utilizam os dispositivos.
Veja a reportagem do Fantástico na íntegra no link abaixo: